segunda-feira, 25 de abril de 2011

Morre José Mendonça

Menos de um mês após ser submetido à cirurgia para retirada de um tumor no intestino, o ex-deputado federal José Mendonça (DEM) não resistiu às consequências de uma infecção generalizada, adquirida após a intervenção cirúrgica, e faleceu, às 14h10 de ontem, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
O democrata, de 75 anos, estava se tratando na capital paulista desde o último dia 13, data em que deixou o Hospital Santa Joana, no Recife, depois que o quadro de infecção fora agravado. Ao todo, foram 22 dias de tratamento, iniciado com a operação na madrugada do dia 2 de abril no Santa Joana.
Ontem, em pleno domingo de Páscoa, a notícia do falecimento pegou de surpresa o filho do ex-parlamentar e deputado federal, Mendonça Filho (DEM), que, após dias seguidos sem deixar São Paulo, havia aproveitado uma melhora das taxas sanguíneas do pai para vir ao Recife, na última sexta-feira, resolver assuntos de ordem pessoal. “Ele tinha dado uma melhorada grande”, lamentou o genro de José Mendonça e deputado federal, Augusto Coutinho. Com a notícia, ainda na manhã de ontem, que a situação havia piorado, Mendoncinha providenciou, às pressas, sua volta para São Paulo. No aeroporto do Recife, ficou sabendo que o genitor não resistira.

No Sírio Libanês, na tarde de ontem, além da família, compareceram para prestar solidariedade vários políticos. O deputado federal Wolney Queiroz (PDT) foi um dos primeiros a chegar. O pedetista relatou que seus planos originais eram de realizar uma visita hoje, já que tinha recebido notícias de melhoras do amigo. Mas diante do inesperado comunicado da morte, correu para o hospital. Além dele, estavam o prefeito de Belo Jardim, Marco Coca-Cola (DEM), e o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM/GO). Caiado frisou o fato de José Mendonça ter decidido, exatamente, no ano passado, não tentar a reeleição para a Câmara Federal após exercer oito mandatos naquela Casa. “Parecia que ele sabia da sua trajetória e resolveu parar espontaneamente, abrindo mão de sua candidatura para eleger o filho e o genro. É algo que parece ter a mão de Deus”, declarou.

A despedida de José Mendonça da Câmara Federal foi marcada por pronunciamento no dia 15 de dezembro de 2010. Na ocasião, ele fez um balanço de sua carreira e, em entrevista à Folha, deu o recado: “Deixo o parlamento. Mas não deixo a vida pública, pois ela é uma das razões da minha vida”. Formado em Direito, nunca exerceu a advocacia. Filho do casal João Bezerra Filho e Tereza Mendonça Bezerra, “de poucas posses”, como ele descreveu, o ex-parlamentar classificava seus 75 anos como “bem vividos”. Dividiu 44 deles entre a Assembleia Legislativa de Pernambuco e a Câmara Federal. Foi deputado estadual por três vezes (1967-1970/ 1971-1975/1976-1979) e federal por oito, a partir de 1980.
Nascido em Belo Jardim, em 1936, José Mendonça começou a vida pública em 1966, durante a primeira eleição para deputado estadual, após o início do Regime Militar. Sobre aqueles tempos, recordou à Folha, em dezembro: “Criei laços de amizade com grandes líderes, que, na época, combatiam em campos políticos opostos, como Marco Maciel, Jarbas Vasconcelos, Egídio Ferreira Lima e Miguel Arraes”.
Casado com Estefânia Moura, José Mendonça deixa seis filhos: Mendonça Filho, Isabela, Andrea, Carla, Danilo e Pedro. Ex-presidente do Santa Cruz, chegou a pedir, ainda internado no Santa Joana, para deixar a UTI, dias após a cirurgia, pelo menos para assistir ao jogo do seu time. Atendido, foi direcionado à unidade de terapia semi-intensiva até que uma piora o levou de volta à UTI.

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